segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Come-çando a semana


         Abriu os olhos hesitante e fixou-se em uma imagem no fundo do quarto: viu-a de costas, silhueta curvosa no contra luz da manhã, nua em plena dúvida diante de um guarda roupas repleto de possibilidades. Ali, perdido no que via, ornado de desejo, despiu-se vagarosamente sem que ela percebesse . Descobriu apenas uma parte de si, deixou totalmente exposto seu desejo rígido e pulsante para ser encontrado, displicente. Com toda sua vontade de fora, fechou os olhos e fingiu que dormia. Divagava o cenário que queria e premeditava o toque, o gozo que juntos verteriam.

          Esperou, de olhos fechados e em ânsia desesperadora, o toque que ainda não sabia se viria. Brincadeira matutina, juvenil, inconsequente... Espalmou as mãos não cama e premiu-a contra os lençóis. Aguardava ser visto, descoberto, flagrado: menino no auge do querer. A dúvida era afrodisíaca e a demora acelerava o seu peito. Tudo pulsava.

         Ainda de olhos vendados pela brincadeira que propunha, sentiu-se lambido por um olhar, até que um sedoso bom dia ecoou pelo quarto, retumbando seu coração, fazendo todo seu corpo explodir em uma frequência altíssima. O nossa interjeitoso que disparou em seguida veio acompanhado de um movimento involuntário da cama. Ela sentou-se ali, ao lado de seus pés.

        Tudo era sangue e eletricidade dentro de seu corpo. Imóvel e disponível, fingia-se incólume as sensações, desmentido por si mesmo, em espasmos exultantes. Arrepiou-se. Corpo inteiro e alma ante a perspectiva do toque. Tentou controlar a respiração em um esforço infantil de manter a calma e a farsa do sono. Logrou pouco êxito e abriu os olhos para ver um movimento lindo, descendente, de seios, mãos e lábios à si.
         
         Quando do toque, o corpo quente fervia um prazer maturado no silêncio dos sentidos. No contorcer de músculos, pernas famintas e descargas elétricas transformavam a cama num palco de balé minimalista intenso. Enquanto sorvia e acarinhava em frêmito, fêmea gulosa, olhava. Cabelos soltos, cachos volumosos sobre o rosto, desejosa de mais e mais amor.
       
         Ele, objeto em pleno uso, derribava cabeça sobre o pescoço, movendo-a em vagarosas rotações incertas. Sem olhar, sentia apenas. Apalpou-lhe as carnes nuas pela primeira vez e sentiu-se pleno, macho. Puxou-a para si com força recebendo todo peso sobre seu corpo e provou-lhe. Arremeteu sobre o corpo cálido e frágil sem meias palavras, jogando-a para baixo de si, dama indefesa. Ao tocar os seios com a ponta da língua sentiu que estavam na mesma frequência cardíaca, excitou-se mais. Mamilos firmes explodiam ais. Sem escolha, mordiscava-os para se deliciar com o contorcer ritmado do corpo da bela. Certo do que queria, continuou a trilha, centímetro por centímetro. Queria-a molhada, fazendo água, preparada para recebê-lo.


        Línguas e tatos deram lugar ao macho arfante, ao guerreiro inca que metia e urrava. Fêmea domada gemia sem dor, se dava. Era cama, cheiro, toque, força e ritmo naquela dança, naquele rito de quem se amava. Juntos, como desejava, gozam, apertam e arranham. Tudo perfeito para começar a semana, atrasado.

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